Testemunha do Massacre de Ipatinga


O evento foi registrado pelo fotógrafo amador José Isabel Nascimento. Porém, foi atingido por vários tiros durante esse episódio e faleceu dez dias depois enquanto estava internado.
O Brasil viva momentos tensos. Trabalhadores anunciavam greves em várias localidades. Ipatinga e Timóteo não existiam como cidades e eram apenas distritos de Coronel Fabriciano.


Ipatinga, ainda com resquícios de uma pequena vila carvoeira, parecia um “formigueiro humano”. Pessoas de várias partes do país, principalmente do nordeste, se despediam dos parentes dizendo “tô indo para Usiminas”. Nos poucos rádios, que tinham como programação as emissoras da capital, os cantores brasileiros lutavam para se firmarem como estrelas da voz, cantando marchinhas e boleros. A dupla Cascatinha e Inhana, já consagrada por canções como Meu Primeiro Amor e India, emocionava o país, ainda muito rural.

O momento era esse e o dia, 6 de outubro de 1963. Uma assembléia de empregados que trabalhavam na implantação da USIMINAS era dirigida por Geraldo dos Reis Ribeiro, presidente do sindicato. O clima era tenso, mas ele não imaginava que no dia seguinte estaria recolhendo os corpos de alguns participantes daquela reunião, tombados por balas de fuzil e metralhadora.

O assunto virou tabu. Traz sobre si uma ideia de revolta e mistério, recheada por divergências que vão desde a definição dos culpados até a quantidade de vítimas. Mas em uma coisa todos concordam: houve um fato grave que mudou os rumos da cidade e principalmente a relação entre a que seria a maior empresa da região e seus colaboradores.

Nos dias seguintes revistas e jornais de circulação nacional noticiaram o fato. Depois disso, veio o golpe militar de 1964 e o assunto foi “esquecido”.

Assista a esse resgate histórico, contada por um participante dela. Geraldo Ribeiro nos recebeu em sua casa, em Timóteo e concordou em voltar ao tempo e relembrar os fatos que se impregnaram no calendário, marcando para sempre o dia 7 de outubro.

                                             Eliane Martins foi uma das vítimas

Em Ipatinga, dois espaços públicos foram nomeados em homenagem às vítimas: O Centro Esportivo Cultural 7 de Outubro , no bairro Veneza que se refere ao dia, e o Hospital e Pronto Socorro Municipal Eliane Martins, que recebeu o nome da garotinha atingida e morta por um tiro no colo de sua mãe.

O pequeno caminhão, que foi usado para transportar os soldados e a metralhadora, foi destruído na manhã seguinte, em frente ao prédio onde hoje funciona a Faculdade Pitágoras, no Horto.
 

Segundo algumas testemunhas, o caminhão teria ido buscar o almoço dos soldados que estavam escondidos onde é hoje o bairro Ferroviários.

No aniversário dos 45 anos de Ipatinga, o Plox realizou um documentário sobre a história da cidade. Pioneiros contam os fatos que marcaram a trajetória da pequena vila carvoeira até se tornar a cidade metropolitana. Um dos momentos mais tensos da produção está exatamente no trecho em que eles narram o que presenciaram naquele dia.

Fonte:http://plox.com.br/caderno/aconteceu/eu-recolhi-os-corpos-entrevista-com-testemunha-massacre-ipatinga

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