"Não existe ninguém superior ou inferior a outra pessoa, a menos que a comparemos nas suas pequenas diferenças".
Nossos comportamentos, sobretudo no relacionamento com os outros, são fruto dos nossos sentimentos.
Quanto mais inferiores nos sentimos, mais queremos mostrar superioridade. Na verdade, o complexo de superioridade é uma capa compensatória para a internalização de menos-valia.
E como aparece na nossa vida essa sensação de menos valor, de se sentir por baixo?
Pessoas que sofreram processos de abandono na infância, que foram muito criticadas, que nunca aceitaram o próprio corpo, seja pela altura, pelo peso, por algum defeito físico, que sofreram abusos sexuais ou de violência física tendem a ter um sentimento de inferioridade.
Um exemplo histórico disso é o caso do Hitler ultra-inferiorizado por sua estatura física e sua origem pobre.
O orgulho e a arrogância aparecem normalmente no exercício do poder.
Ora é o professor que manda e desmanda na sala de aula, humilhando os alunos.
Ora é o marido que sempre está certo. Ora é o aluno que discute sistematicamente com os professores. Ora é o vendedor que trata mal os clientes.
Sempre a necessidade e o prazer de se sentir mais do que as outras pessoas.
O contrário do orgulho é o sentimento da humildade. E aqui também reside uma confusão.
Humildade não é me humilhar, me submeter, aceitar tudo o que fazem contra mim.
Humildade é como diria Santa Tereza D’Ávila, a verdade. É eu ter consciência do meu verdadeiro tamanho e aceitá-lo, no bom e no ruim.
O que estrutura a saída da arrogância é sabermos que somos todos semelhantes.
Cada pessoa é diferente da outra, mas enquanto gente, semelhante.
Não existe ninguém superior ou inferior a outra pessoa, a menos que a comparemos nas suas pequenas diferenças.
Todos nós, em maior ou menor grau, somos arrogantes e orgulhosos. E o nosso desafio é melhorar cada vez mais este traço, na medida que ele é o principal responsável pelo fracasso nas relações, através da dominação, da posse, do controle, do autoritarismo que queremos exercer sobre os outros.
O medo de perder o poder, de perder a imagem de onipotentes que temos de nós mesmos, nos levam a absurdos nos relacionamentos.
Desde o grito amedrontador até a violência física.
E o principal jogo nas relações orgulhosas é o jogo da razão. Como autoritários, sempre queremos ter razão. E não admitimos a discordância.
Queremos que todos tenham a mesma percepção da realidade, que pensem igual a nós e que façam o que desejamos.
Essa é a forma de o orgulhoso se sentir amado e valorizado, às custas da submissão e desqualificação do outro.
Antônio Roberto
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