Indecisão me consome


Para certas pessoas até as pequenas decisões consomem um grau excessivo de energia. “Levo ou não levo esta roupa na viagem?
Ligo ou não ligo para aquela pessoa?”

Essas pequenas dúvidas, no dia a dia, embora embaraçosas não possuam muita gravidade. Ocorre que durante a vida somos chamados a grandes decisões que, inclusive, afetam a vida de outras pessoas. 

Continuar casado ou ficar com a amante? 
Casar agora ou continuar mais tempo na vida de solteira? 
Continuar no emprego ou embarcar em um novo? 
Sair ou não sair de casa? 
Permanecer em curso da faculdade sobre o qual tenho dúvidas ou não?

A capacidade de decisão é aprendida. E a maioria não foi treinada para essa habilidade tão necessária à nossa independência e felicidade. Pelo contrário, na nossa infância, os pais decidiam sempre o que era melhor para nós e alguns continuam a decidir a vida de seus filhos, mesmo adultos. 
De um lado é bastante cômodo que alguém resolva nossos impasses. Por outro, gera a incapacidade de desejar, provocando sofrimento e conflito exacerbado em cada momento crítico da vida.

A indecisão é uma paralisia. Compreender essa paralisação é o primeiro caminho para superá-la. Indecisão é o medo de errar. 
Quanto maior o grau de perfeccionismo, maior tremor diante do impasse. Há uma idéia errônea de que a competência é incompatível com o fato de cometer erros. Na prática, é exatamente o contrário. Pessoas bem sucedidas, tanto na vida pessoal quanto profissional apresentam um traço comum: capacidade de cometer erros e aprender com eles. Só não erra quem não arrisca. 
O raciocínio da busca de perfeição é que se tivermos fraqueza nunca alcançaremos o sucesso. Essa postura, além da dor que provoca diante das múltiplas escolhas que a vida nos obriga a ter, é destrutiva em todos os sentidos: por não atingirmos a perfeição nos consideramos imprestáveis.

A cada decisão temos de assumir a possibilidade do erro. 
O crescimento humano não ocorre sem errar. 
A crítica excessiva na infância, a dependência criada pela super proteção dos pais transformam qualquer pessoa em um poço de cautela e indecisão. Pessoas, cujos pais, ao contrário sempre as encorajam a confiar em si própria, a enfrentar riscos, mesmo “errando”, são mais decididas e por conseqüência, mais autoconfiantes e autônomas. Essa ideia de perfeição nos atinge basicamente de duas formas de bloqueio: o medo de nos arrependermos e o medo de desagradar.

Qualquer decisão tem o seu preço. Quando decidimos, estamos renunciando a alguma coisa e nos abrindo a outras. O medo do arrependimento significa o medo de sofrer com a culpa, de eventualmente, ter tomado uma decisão errada. 
Aprender a se perdoar pelas imperfeições é um ótimo exercício para se tornar alguém mais decidido. E nas decisões que envolvem outras pessoas, sobretudo aquelas ligadas às separações, sempre há possibilidade de desagradar.

Muitas vezes os nossos interesses colidem com o desejo e interesse dos outros. 
Não acho bom querer magoar diretamente alguém. Mas, se, ao escolher o meu caminho, alguém se magoa, embora não quisesse isso, paciência! 
Não é à toa que nos ensinaram a agradar sempre todas as pessoas. É uma forma de nos impedir de sermos livres e caminharmos com nossos próprios pés.

Para aprendermos a decidir, primeiramente, temos de aprender a priorizar. 
O que é mais importante para nós naquele momento? 
O relacionamento afetivo ou a carreira profissional?
O dinheiro ou a convivência familiar? 
Segurança ou oportunidade?

Quando nossas decisões se baseiam nas nossas prioridades, estamos mais próximos da felicidade que é o objetivo fundamental de qualquer decisão. 
Outro aspecto importante é aceitar o fato de que é difícil e árduo o processo de decidir. Qualquer passo em direção ao desconhecido provoca muito temor. 
Se for primeiramente acabar com o medo para tomarmos nossas decisões, isto nunca vai acontecer. O contrário é verdade. 

Ao assumirmos nossos desejos, ainda que temerosos pouco a pouco, o medo vai desaparecendo. 
O segredo é transformar a dor e a dificuldade em energia decisória, afinal de contas, você está na vida para viver e não se deixe paralisar pelo temor do fracasso.

Antônio Roberto - Psicólogo 


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