Globo Repórter, São Lourenço-MG. Águas Minerais Medicinais
A estância turística de São Lourenço vem tentando modernizar seus serviços para atrair novos turistas para suas águas medicinais e seu clima de interior, reavivando a cidade considerada o polo do circuito das águas do Sul de Minas Gerais, que também inclui Baependi, Cambuquira, Campanha, Carmo de Minas, Caxambu, Conceição do Rio Verde, Heliodora, Lambari, Soledade de Minas e Três Corações.
Muito procurada para o tratamento de doenças crônicas no começo do século XX, a cidade agora investe também em cultura e bem-estar. A principal atração é o Parque das Águas, que tem 490 mil m² e opções de lazer, saúde e espetáculos. Administrado pela Nestlé Waters, que adquiriu a fábrica de água São Lourenço e o parque em 1992, o cartão-postal da estância conta com um balneário, um lago de 90 mil m², circuito de minigolfe, passeio de charrete, playground infantil e oito fontes de água naturalmente gasosa para consumo gratuito.
Apesar de “competir” com o circuito das águas paulista, que inclui cidades com forte potencial turístico como Águas de Lindóia e Serra Negra, a região de São Lourenço atrai mais o público carioca, por causa da distância (270 km) e do clima da Serra da Mantiqueira. A mais de 940 m de altitude, a temperatura média anual da cidade é de 19ºC.
São Lourenço tem 42 mil habitantes, e 60% do seu território de 58 km² é formado por montanhas. Em dezembro e janeiro, a cidade recebe poucos eventos, por causa das chuvas. Já o período de março a junho é mais seco e com sol, ideal para os eventos de balonismo e ciclismo, como o X-Terra, cuja etapa regional foi realizada em São Lourenço este ano.
Balneário
O centro hidroterápico do Parque, inaugurado em 1935 e frequentado por Getúlio Vargas e Juscelino Kubitscheck, foi reformulado em 2008 e oferece para o público, além dos banhos aromáticos tradicionais, massagens e tratamentos de pele modernos.
Os banhos termais que fizeram a fama do balneário incluem a sauna quente e a ducha escocesa ,à base de água sulfurosa, indicada para tratar da flacidez e fadiga muscular. Para quem quer relaxar por mais tempo, por cerca de meia hora, há banhos aromáticos , de espuma e até imersão em ofurô de cedro rosa.
As aplicadoras são especializadas nas massagens com pedras quentes e com bambu, indicadas para ativar o sistema circulatório e eliminar toxinas do corpo. Há também shiatsu, massagem indiana ,feita com óleos adequados às necessidades do cliente, e massomusicoterapia, acompanhada de trilha sonora.
Os novos serviços estéticos do balneário incluem limpeza de pele, drenagem linfática, rejuvenescimento com Isoflavona e a tradicional fangoterapia de corpo inteiro, à base de lama. Cada um desses tratamentos leva 1 hora. As massagens e banhos, de 20 min a 40 min.
O centro fica em uma casa de estilo colonial, logo à direita da portaria do Parque. Fica aberto todos os dias, exceto às segundas-feiras, das 10h às 12h e das 14h às 21h30. Os tratamentos devem ser agendados.
Parque das Águas
As atividades incluem aulas de lian gong, tai chi chuan e ginástica aeróbica, além da prática de esportes (minigolfe, bocha, tanques de pesca, entre outros) e eventos culturais. Neste ano, acontece em toda a e cidade e principalmente nas dependências do Parque a segunda edição do Festival de Inverno de São Lourenço, patrocinado pela Nestlé Waters.
O parque fica aberto das 9h às 17h, todos os dias. A entrada custa R$ 5 para turistas – os habitantes pagam meia entrada. Aqueles que gostam de correr ou fazer caminhada podem acessar o parque das 7h às 8h, exclusivamente para esse fim, pagando ingresso de R$ 1.
O principal atrativo são as oito fontes de água mineral com propriedades terapêuticas diferentes. A mais conhecida delas, a Fonte Oriente, é a que fornece água para a marca de água São Lourenço, envasada desde 1890.
Essas águas já saem com gás diretamente da fonte, por causa da mistura de sais e minerais das rochas que ficam no subsolo da cidade. Por conterem muita quantidade de substâncias, não é recomendável tomar grandes quantidades de todas elas no mesmo dia, sob o risco de cólicas e dores abdominais. O tratamento com essas águas geralmente leva mais de duas semanas, e antigamente os médicos recomendavam cada uma delas para tratar de algumas enfermidades.
A água de Vichy, por exemplo, que é alcalina, é bastante indicada para problemas gástricos, renais e de vesícula biliar. O sabor amargo característico só é encontrado no mundo na cidade mineira e na França, na cidade de Vichy, na região de Auvergne. Outra fonte de água alcalina, com outras propriedades, é boa para úlceras, hipercloridria, uricenia e eliminação de cálculos renais.
O Parque também possui duas fontes de água sulfurosa, cuja ingestão é ideal para ajudar no tratamento de diabetes, colites, alergia de pele, sinusite e problemas respiratórios. De uma delas, é possível inalar somente o gás através de um tubo, garantindo alívio para problemas respiratórios.
Outra peculiaridade é a água carbogasosa, que contém lítio, substância muito utilizada na medicina para o tratamento de depressão e estresse.
As outras fontes são as duas ferruginosas (para anorexia e anemia) e a magnesiana (para distúrbios hepáticos). Essa última só não é indicada para aqueles que sofrem de úlcera péptica.
Maria Fumaça “Trem das Águas”
A estação ferroviária de São Lourenço foi construída em 1935, com madeiramento indiano e estilo inglês, para facilitar o transporte de café no sul do Estado, principal atividade comercial da região.
Hoje, a estrutura da estação é usada para um trajeto de trem, que sai de São Lourenço e vai até Soledade de Minas, também no circuito das águas mineiro. O serviço funciona aos sábados, com partidas às 10h e 14h30, domingos, às 10h, e feriados (horários a confirmar).
O viajante pode adquirir a passagem da classe turística ou especial, que tem poltronas mais confortáveis e vista privilegiada para a 1 hora e meia de viagem.
Esotérico
São Lourenço é o berço da eubiose, movimento espiritual que acredita na transformação da energia em consciência. A palavra, junção de termos gregos, significa “arte do bem viver”. A Sociedade Brasileira de Eubiose foi fundada na década de 1920, por Henrique José de Souza, na estância mineira, apoiada nos preceitos da teosofia – mistura de filosofia, religião e ciência. A doutrina também está presente em São Tomé das Letras, outra cidade mineira conhecida pelo turismo esotérico.
Dentro do Parque das Águas, há os chamados “Pilares de São Lourenço”, três pedras de granito que supostamente possuem propriedades de energização. O tratamento, chamado litopuntura, garante que por meio dessas pedras é possível reequilibrar o organismo e o espírito.
Hospedagem
São Lourenço só perde para Belo Horizonte em número de leitos, no Estado de Minas Gerais – são cerca de 6 mil, sendo 14 mil na capital. De acordo com o diretor do Serviço Autônomo de Turismo (Servtur), Sidney Cabizuca, a cidade tem atualmente cerca de 52 hotéis e pousadas regularizadas, sem contar os apart hotéis e residências que também recebem turistas.
A dica para quem quer ficar perto do Parque das Águas e, ao mesmo tempo, do comércio, é se hospedar no Hotel Guanabara, na rua Getúlio Vargas, a meio caminho entre o Parque e as lojas de produtos artesanais e serviços básicos. O tradicional hotel possui parque aquático próprio com sete piscinas, além de espaço para convenções.
Outras boas opções são o Hotel Central Parque, à beira do chamado “calçadão”, que leva ao Parque, e o Hotel Metrópole, na rua Wenceslau Bráz.
Gastronomia
Os pratos típicos de Minas Gerais são os mais requisitados – geralmente lombo, linguiça ou leitão à pururuca, servidos com tutu de feijão, feijão tropeiro, linguiça e couve mineira. Uma opção mais leve é a truta com molho de laranja ou alcaparras, encontrada em quase todos os restaurantes.
Algumas das boas opções para comer são o Restaurante do Parque, que fica dentro do Parque das Águas e serve comida mineira e um bolinho de bacalhau caseiro, a Cantina do Samir (pizzas e massas), o Agostini (carnes de corte e pizzas) e o Calçadão, que serve o filet mignon à São Lourenço (acompanhado de molho madeira, champignon, ervilhas e purê de batatas).
Como chegar
São Lourenço fica a 315 km de São Paulo, e o turista pode chegar lá pela rodovia Carvalho Pinto, até o final, entrando na Presidente Dutra até o km 34, sentido Rio de Janeiro. A partir daí, o acesso a cidade é feito pela serra que leva às cidades de Cruzeiro e Passa Quatro, através da rodovia 158, cheia de curvas perigosas. É preciso ficar atento e evitar viajar durante a noite. Nesse trajeto, a viagem dura cerca de 5 horas.
Partindo do Rio de Janeiro, o trajeto indicado é seguir também pela Dutra até Engenheiro Passos, e, após Resende, acessar a cidade pelo sentido Itamonte e Pouso Alto.
De carro, a viagem dura cerca de 4 horas.
vidaeestilo.terra.com.br.
Ótima abordagem. Abraços de alguém que teve a alegria de nascer nesta, tão atraente e salutar, cidade.
ResponderExcluirPrivilégio seu, Eduardo!
ExcluirRealmente fiquei encantada quando busquei esta reportagem e fotos. Minha vontade era tamanha de conhecer o lugar que viajei pelo google imediatamente para conhecer.
A água é nosso bem precioso e este lugar é um paraíso jorrando esta maravilha.
Um dia irei conhecer pessoalmente! Obrigada pela visita!
Abraço!
ResponderExcluirMARIA-FUMAÇA
Lá longe apita a Maria-Fumaça
Com o seu vapor jogado ao vento
Se aproximando com leveza e graça
Da estação de São Lourenço
Onde memórias são resgatadas
Emoções reavivadas
Enchendo meus olhos de brilho
Olhos que se perdem na distância
Entre a estação e a minha infância
Que se ligam por invisíveis trilhos.
Nas ruas de paralelepípedo
Minha bicicleta sacolejava
Determinando o ritmo
Com o qual eu pedalava
Desviando das sarjetas
Porque quem já andou de bicicleta
Com certeza já padeceu
Do enorme desconforto
De ter que se sujar todo
Só para remendar um pneu.
Nas montanhas que formam um escudo
Para proteger a bela cidade
Anjos entoam cantos mudos
Que só ouve quem tem sensibilidade
São cantos que tentam induzir
As pessoas para que queiram sair
E se livrar das suas mágoas
Absorvendo as energias postas
Em tudo que a cidade mostra
Principalmente nas suas águas.
A Maria-Fumaça vai embora
Com os seus pés de aço
E da minha alma que aqui chora
Leva um grande pedaço
Que se acomoda como sentinela
Em uma das suas janelas
Para apreciar a paisagem
E assim onde quer que eu esteja
Fecho os olhos e sinto que me beija
O vento de outras viagens.
Eduardo de Paula Barreto
ResponderExcluirMARIA-FUMAÇA
Lá longe apita a Maria-Fumaça
Com o seu vapor jogado ao vento
Se aproximando com leveza e graça
Da estação de São Lourenço
Onde memórias são resgatadas
Emoções reavivadas
Enchendo meus olhos de brilho
Olhos que se perdem na distância
Entre a estação e a minha infância
Que se ligam por invisíveis trilhos.
Nas ruas de paralelepípedo
Minha bicicleta sacolejava
Determinando o ritmo
Com o qual eu pedalava
Desviando das sarjetas
Porque quem já andou de bicicleta
Com certeza já padeceu
Do enorme desconforto
De ter que se sujar todo
Só para remendar um pneu.
Nas montanhas que formam um escudo
Para proteger a bela cidade
Anjos entoam cantos mudos
Que só ouve quem tem sensibilidade
São cantos que tentam induzir
As pessoas para que queiram sair
E se livrar das suas mágoas
Absorvendo as energias postas
Em tudo que a cidade mostra
Principalmente nas suas águas.
A Maria-Fumaça vai embora
Com os seus pés de aço
E da minha alma que aqui chora
Leva um grande pedaço
Que se acomoda como sentinela
Em uma das suas janelas
Para apreciar a paisagem
E assim onde quer que eu esteja
Fecho os olhos e sinto que me beija
O vento de outras viagens.
Eduardo de Paula Barreto
Complementou a postagem com seu belo talento em poesias.
ExcluirParabéns pela linda homenagem à sua terra natal.
Obrigada pela visita!