Sempre é interessante falar sobre a figura do pai. Convenhamos que a proximidade desta data nos instiga a falar sobre o mistério que envolve o entendimento deste papel. Afinal de contas, o que faz um pai? Se você parar para pensar, é difícil explicar exatamente que trabalho é este. Ainda mais após toda a revolução familiar que estamos vivenciando. Até mesmo as mães possuem o hábito de afirmar que é fácil ser pai, e que difícil mesmo é o que elas passam. Não julgo, visto que esta tarefa realmente exige um grande dispêndio de energia. Porém, acredito que passe batida a real função da paternidade.
A psicanálise afirma que o pai é responsável por fazer a lei. Algo que expressa isto muito bem é a famosa frase que muitos de nós já ouvimos de nossas mães: “Te comporta senão vou chamar teu pai!”. Ou seja, é o pai quem supostamente coloca ordem. Trata-se da primeira figura de autoridade que temos contato. A postura deste pai pode estar diretamente ligada a forma como lidaremos com demais figuras que requerem respeito, como a professora, a diretora, a polícia, etc. O pai exige isto, afinal de contas, é ele que acaba mostrando para o filho as bordas da sociedade. O que se pode ou não fazer. Ele aponta o que é certo e errado.
No entanto, para este trabalho acontecer, o pai depende da mãe. É ela quem apresenta o pai para o filho. Hoje percebo que quem me ensinou a valorizar meu pai foi exatamente minha mãe. Lembro que quando pequeno ela costumava me levar às obras que meu pai projetou para me mostrar. Ela apontava para a placa e, mesmo sem eu saber ler, afirmava: “É o nome do teu pai que está escrito ali”. O que ela estava me dizendo? Nas entrelinhas acabava deixando claro que eu tinha um pai forte, que eu deveria confiar em tudo que ele me diz.
Se o contrário acontece, quero dizer, se a mãe mostra o pai como se ele fosse um fraco, um fraco ele será. Ensinará para a criança que ela pode passar por cima desta figura de poder. É como se uma diretora da escola entrasse em sala de aula e falasse: “Atenção turma, esta é a professora de vocês. Não é grande coisa, mas foi o que conseguimos”. Esta professora jamais será respeitada. Estou tentando mostrar neste texto a fragilidade que existe na função paterna. Se a criança recebe autorização por parte da mãe para desrespeitar o pai, logicamente recebe o mesmo aval para com a professora, a diretora, e assim por diante.
Deixando de lado a tão debatida comercialização destas datas comemorativas, ou a afirmativa que recai sobre o senso comum de que o pai merece mais do que um dia, realmente devemos comemorar neste domingo. Celebre o que realmente é ser um pai. Lembre o quanto é importante você passar para o seu filho tudo o que sabe. Invista tempo ao lado dele para mostrar quais são os seus valores, e mais, mostre porque seu filho deve guardá-los para a vida toda. Ser pai é transmitir este conhecimento. É ser um herói para quem mais te admira. Lembre-se que se você não fizer isso, alguém irá fazer. É tempo de ser pai.
Deixo aqui um forte abraço para o meu.
Feliz dia dos pais!
Érico Peres Oliveira é psicólogo e psicanalista da Clínica Psicanalítica, em Francisco Beltrão (PR).
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